A FPMed e o IBDM promoveram nesta segunda-feira (19) reunião virtual em comemoração ao dia do médico, que é celebrado todo dia 18 de outubro (data que guarda relação com o cristianismo, uma vez que esta é a data que a igreja católica comemora o dia de São Lucas, um Santo que em vida foi médico e é considerado protetor dos médicos.
Em virtude da licença médica do Presidente da FPMed, Deputado Hiran Gonçalves, que está em tratamento para recuperação da covid-19, a reunião foi conduzida pelo Dr. Zacharias Calil, Deputado Federal pelo partido DEMOCRATAS de Goiás e membro signatário da Frente Parlamentar Mista da Medicina. Dr. Calil deu início os trabalhos elogiando a iniciativa da reunião e logo em seguida passou a palavra ao primeiro palestrante.
Duas palestras foram apresentadas na ocasião: a primeira, pelo Dr. Raul Cutait, titular da Academia Nacional de Medicina (ANM), intitulada “A prática da medicina: do antigo Egito aos dias atuais”; a segunda, pelo Dr. Luiz Ovando, deputado federal pelo PSL-MS, sobre o tema “Medicina e a interação humana”.
Titular da Academia Nacional de Medicina expôs o tema da prática da medicina desde o antigo Egito até os dias atuais. Em sua apresentação, Dr. Cutait demonstrou que o homem primitivo era tomado por desconhecimento e medo quando precisava tratar da saúde do seu similar. Com o passar do tempo, surgiram os primeiros “médicos”, que eram basicamente sacerdotes, curandeiros e magos que consideravam as doenças como “castigos dos deuses”. Somente a partir de Hipócrates que a medicina foi tratada como uma ciência, renegando assim, a teoria de que a doença era um castigo dos deuses. Hipócrates combateu a medicina religiosa e curandeira, objetivando a medicina como o bem do paciente. O modelo de Hipócrates é o que se segue até hoje, e é baseado nos seguintes princípios: interpretar e auxiliar a natureza; devolver a saúde às pessoas; respeitar a vida, o paciente e sua família; agir de acordo com as possibilidades e seus conhecimentos, evitando o mal e a injustiça; e não prolongar a vida sem perspectiva (ortanásia).
Atualmente, a prática da medicina encontra alguns paradigmas. O médico passou de profissional liberal a assalariado ou “tabelado”, fazendo parte de um sistema público ou privado, onde os custos estão incluídos na equação das atenções de saúde e, muitas das vezes, o lucro maior fica para as operadoras de saúde e hospitais privados.
Outro fator de preocupação para as boas práticas médicas é o aumento indiscriminado dos cursos de medicina, que traz precariedade no ensino, pois existe a obrigatoriedade de um número mínimo de mestres e doutores por faculdade e é sabido que o país carece de profissionais com esses títulos que consigam atender a todas as escolas médicas atuais (abertas ou autorizadas). Além disso, hospitais e demais centros de treinamento exigem estrutura adequada. No mesmo contexto, estão os problemas enfrentados pela residência médica, que possui um número de vagas de 30 a 35% inferior ao de alunos formados em medicina.
Segundo Cutait, a remuneração do médico não é condizente com suas responsabilidades. A competência dos atos médicos não é reconhecida pelas fontes pagadoras a há uma frustração pela baixa resolubilidade do sistema de saúde. “O modelo de gestão, principalmente no setor público, não favorece o médico atuar bem”, ressaltou.
“No final, o que importa? Para o médico, perceber que faz a diferença para seus pacientes; para o paciente, entender que está sendo tratado com competência, respeito e cumplicidade; e para ambos, os sistemas de saúde devem atuar a seu favor”, concluiu o Dr. Raul Cutait, trazendo essa reflexão.
Deputado Federal pelo PSL/MS e membro da FPMed, Ovando abordou aspectos sobre a medicina e a interação humana. Para ele, “o chamamento para o exercício profissional tem tido outra motivação. A presença do médico já não faz diferença no alívio do sofrimento físico. É preciso resgatar o papel do médico na sociedade, como líder do diagnóstico. Como bons médicos, devemos priorizar o diagnóstico fundamentado na propedêutica”. Ovando destacou que a medicina está para o diagnóstico, assim como o médico está para a cura. O compromisso do médico com o seu semelhante na busca do alívio das dores tem que ser destacado e priorizado por políticas públicas. A medicina nunca avançou tanto, como nos dias atuais.
O parlamentar também defendeu uma melhor distribuição da demografia médica no país, atribuindo essa deficiência a um natural receio dos novos médicos em assumir, sozinhos as responsabilidades de saúde dos municípios, justamente devido à má formação oferecida por dezenas de cursos de Medicina abertos nos últimos tempos.
“O médico tem que se conscientizar que a medicina começa pelos sintomas. Nesse dia de homenagem aos médicos, conclamamos a reiterar a importância da interação humana, resgatando a relação médico paciente, que é decisiva para o aprimoramento da saúde da sociedade”, concluiu.
O Dr. Lincoln Lopes Ferreira, Presidente da Associação Médica Brasileira, parabenizou todos os médicos e elogiou as conquistas dos marcos recentes no parlamento, a exemplo das leis do revalida, da telemedicina e das linhas de crédito para os profissionais de saúde.
“A formação do bom médico é de responsabilidade das escolas, que têm obrigação de formar bem esse profissional. Controlar a abertura indiscriminada de novos cursos é um meio essencial”. Dr. Luiz Carlos Sobânia – SBOT.
A Dra. Maria do Socorro Mendonça, Presidente da Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica, também elogiou a iniciativa da reunião, ocasião em que solicitou a publicação de seu conteúdo para que fosse divulgado entre as sociedades de especialidade. Ela também alertou sobre a preocupação com o atual ensino da medicina.
“Estamos atravessando uma fase muito difícil nessa pandemia. A anamnese e o exame físico são essenciais para a medicina”, destacou a Dra. Francisca Goreth Fantini – Representante da Academia Brasileira de Neurologia.
“O trabalho fundamental das entidades médicas é lutar pela qualidade do ensino médico”. Dr. Baratella – FEBAM.
General Peternelli – Deputado Federal pelo PSL/SP: “Em vez de tratar a doença, deve se tratar o homem doente. Por isso a relação médico paciente é muito importante”. “Ficamos gratificados. A FPMed trouxe a oportunidade para se discutir mais a medicina, não só do ponto de vista político, mas do ponto de vista técnico e científico.
Enquanto conseguirmos fazer com que as pessoas nos apoiem, nós estamos ganhando. Isso é fundamental para as discussões sobre a saúde do país”, afirmou Dr. Mestrinho – Coordenador do IBDM.
O final da reunião foi marcado por um vídeo institucional em homenagem ao dia do médico. A íntegra do conteúdo pode ser acessada no canal oficial da FPMed, no You Tube, por meio do link