Reconhecer os benefícios e enfrentar os desafios impostos pelas novas tecnologias à Medicina. Essas foram algumas das considerações feitas por médicos e pesquisadores em Saúde, que participaram do Simpósio “O futuro da Medicina e a Medicina do futuro”, que ocorreu nesta quarta-feira (4), no Senado Federal. O evento foi organizado pela Frente Parlamentar Mista da Medicina (FPMed), em parceria com a Frente Parlamentar em Prol do Acesso e do Uso Racional de Tecnologias em Saúde (FPMedTec), para discutir o impacto dos equipamentos tecnológicos e da Inteligência Artificial (IA) na formação e na prática médica no Brasil.
Ao abrir o simpósio, o presidente da FPMed, senador Dr. Hiran Gonçalves (Progressistas-RR), lembrou que equipamentos tecnológicos, como os robôs com visão 3D utilizados em cirurgias, garantem a realização de procedimentos pouco invasivos e curtos períodos de recuperação. O desafio, segundo o parlamentar, é tornar tais avanços acessíveis à população.
“Lamentavelmente, esses equipamentos ainda não são disponibilizados em grande escala. O custo é alto. Por isso, boa parte das operadoras de saúde não investe rapidamente. E o SUS demora ainda mais para regulamentar e para bancar procedimentos inovadores”, argumentou. “Mais uma vez, nos deparamos com aquela velha realidade de que: tem acesso quem pode pagar; não tem acesso quem é pobre. Precisamos nos unir, trabalhar e pressionar para mudar este quadro”, enfatizou Dr. Hiran.
ACESSO
Para o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED), Fernando Silveira Filho, a democratização do acesso aos modernos procedimentos esbarra no subfinanciamento da Saúde. “Eventos como este aqui são muito importantes. São o primeiro passo para que nós, médicos, associações e sindicatos, nos unamos para o fortalecimento da pauta, encampando as ações que será necessárias, tanto na esfera pública quanto na privada”, reforçou.
O Conselho Federal de Medicina (CFM), representado pela segunda vice-presidente, Dra. Rosylane Rocha, manifestou preocupação com relação à formação de novos médicos. “Nenhum dos avanços, sobretudo os que envolvem Inteligência Artificial, podem simplesmente ser expandidos sem que, antes, nós falemos em regulamentação do uso. Este é um passo fundamental para que, inclusive, as instituições de ensino passem a prever tais conteúdos na grade curricular”, destacou.
PAINÉIS
Foram realizados três painéis com discussões temáticas: “IA e Estudos In Silico”, “Robótica” e “Manufatura Aditiva e DMs Personalizados”.
O médico urologista radicado em São Paulo, Dr. Rafael Coelho, participou do painel sobre Robótica, e defendeu a utilização de aparelhos e equipamentos de última geração, a fim de garantir mais flexibilidade e precisão aos profissionais. Ele ponderou, no entanto, que as agências e os órgãos reguladores do Brasil precisam considerar os limites éticos e as possíveis responsabilizações por tal utilização.
“A cirurgia a distância, por exemplo, já é uma realidade. Mas o que parece unicamente benéfico também carrega preocupações. Em caso de erro, quem será responsabilizado? Profissional e fabricante têm o mesmo peso num procedimento? A Inteligência Artificial é realmente segura?”, observou o urologista. “Eu pratico cirurgias robotizadas e as ensino para outros profissionais. Mas nós temos esses desafios pela frente. E eles se dão pelos pontos de vista ético e até de mercado”.
PARTICIPAÇÕES
Participaram dos debates temáticos representantes das seguintes instituições: Avicenna Aliance, Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), Edwards Lifesciences, Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Sociedade Brasileira de Videocirurgia Robótica e Digital (Sobracil), Johnson & Johnson MedTec, Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (NUTES) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), e Centro de Tecnologia da Informação (CTI) Renato Archer.