Liderado pelo presidente da Frente Parlamentar da Medicina (FPMed), deputado federal Dr. Hiran Gonçalves, um encontro online reuniu cerca de 100 pessoas na última segunda-feira (12). O tema discutido foi a saúde brasileira neste momento tão importante de pandemia e a participação ou não de médicos formados no exterior no enfrentamento à covid-19.
O principal assunto da reunião tratou de uma proposta do que estão chamando de revalidação temporária de diplomas e reincorporação de profissionais do Mais Médicos durante a pandemia. E de maneira praticamente unânime, essas questões foram rechaçadas pelos participantes da reunião, em sua maioria médicos e representantes de entidades médicas respeitadas brasileiras e que atuam em todas as regiões do País.
Na avaliação do presidente da FPMed, o momento é de valorização da classe profissional médica e busca pelo atendimento com qualidade para a população brasileira, justamente em um momento em que talvez todos estejamos ainda mais necessitados de total seriedade, preparo e formação no atendimento de pacientes graves com covid-19 e que, diária e infelizmente, preenchem o lamentável boletim informativo de mortes pelo vírus no País.
“É preciso haver a valorização da nossa profissão para tentarmos proteger ainda mais a nossa população com o oferecimento de uma medicina realmente de qualidade”, afirmou Hiran Gonçalves.
Além do parlamentar, a reunião teve como convidado de honra o dr. Emmanuel Fortes, 3º presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), que apresentou dados que comprovam a necessidade da prova “Revalida” para atestar realmente a qualidade daquele formando em cursos superiores fora do País e, portanto, não reconhecidos pelo MEC.
Situações calamitosas envolvendo supostas instituições de ensino localizadas em países fronteiriços foram reveladas durante a reunião, preocupando ainda mais os médicos e representantes de entidades médicas que estavam participando no momento.
Relatos, notícias e fotos dão conta de alguns aspectos extremamente preocupantes para a formação de um médico e que foram denunciadas em diversas instituições de ensino localizadas, principalmente, no Paraguai e na Bolívia.
“Tem faculdade sem cadáver disponível para estudos de anatomia, outras com salas lotadas de alunos, o que é improvável para uma aula em que o professor precisa de contato direto com cada aluno e até faculdades oferecendo, por preços irrisórios, cursos noturnos de Medicina. Fatores que certamente favorecem uma formação incompleta para o exercício da profissão aqui no Brasil”, disse Emmanuel Fortes.
Prova disso, conforme lembrou dr. Hiran Gonçalves, foram o alto índice de reprovação na última prova do “Revalida”, já na primeira fase. “Dizem que estamos vivendo uma verdadeira guerra, e é nessa hora que a classe dos médicos brasileiros precisa atuar firmemente, reforçando a residência médica profissional e a importância dela na defesa da medicina brasileira. A classe médica não pode afrouxar”, comentou o membro da FPMed e deputado federal dr. Luizinho.
Sobre o Revalida
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inpe), o exame Revalida tem o objetivo de avaliar a competência dos médicos formados no exterior, analisando se eles possuem conhecimentos e habilidades equivalentes aos formados nas universidades brasileiras, e conceder autorização para exercer a profissão legalmente no país.
Embora a legislação em vigor prevê que o Revalida seja aplicado aos profissionais de medicina com diplomas estrangeiros a cada seis meses, o exame foi interrompido em 2017 para uma reformulação, voltando ao calendário do Inep apenas no final de 2020. Naquele ano, o Revalida teve 7.379 inscritos, com apenas 5,27% de participantes aprovados.
As provas do Revalida são divididas em duas etapas. Na primeira, já aplicada em dezembro de 2020, foram inscritos mais de 16,5 mil candidatos. De acordo com o Inep, o número de candidatos é 114% maior do que o registrado na última edição.